A árvore morreu. Que pena!
Devo dizer-lhe que senti
muito a morte dela. Uma bela bergamoteira. Em junho, julho, amarelava de
frutos. Olhe, não quero exagerar, mas aquela bergamoteira dava uma carroçada de
bergamotas cada ano... e das graúdas, gostosas. No meu tempo de guri eu trepava
nessa árvore generosa e saboreava os seus frutos à vontade, e de graça. Não
custavam nada. E sabe de uma coisa: não foi só uma vez, ou duas, ou três, que
ela se encheu de frutos. Ela fez isso umas 60 vezes, porque já o meu avô, no
seu tempo de guri, trepava em seus galhos para saborear os seus frutos.
Sessenta anos... Uma vida
longa para uma bergamoteira... E toda a sua vida dando frutos, e de graça, sem
exigir nada, nenhum cuidado especial, nenhum adubo caro. Sempre produzindo sem
cobrar nada.
Quem sabe, a sua alegria, sua
recompensa fosse justamente dar; dar e alegrar as pessoas e os pássaros com as
suas dádivas, com seus frutos. Dar alegremente,
com abundância, sem nada em troca. Dar sem perguntar a quem: pretos ou brancos,
crianças ou adultos, pássaros ou animais.
Com certeza você já percebeu
que essa árvore me levou a pensar sobre mim mesmo, sobre minha maneira de
viver, de dar e receber, de dar bons frutos.
Vejo a bergamoteira como um
exemplo para mim. Recebi muito: minha vida, minhas forças, minha
inteligência, tantas coisas... e, principalmente minha família.
Realmente recebi muito (nós
recebemos muito) mas fica a pergunta: como estou com os meus frutos, compartilho
eles com os outros?
- Sei que gosto mais de
receber do que compartilhar; gosto mais de guardar do que repartir.
Quem será que está certo: a
bergamoteira ou eu?
(Do
Devocionário Sol Nascente)
Com carinho, Pastor
Leandro Eicholz